01 abril 2012

De como ganhei "Pet Sounds" de presente e resgatei emocionalmente minha coleção de discos de vinil

Cefas Carvalho

Presente dos sonhos ganhei de meu enteado (ou "filho torto", como diz Sandrinha) Pedro Victor, que chegou de Sydney, Austrália, neste fim de semana: um disco (sim, o velho LP de vinil) em cópia remasterizada e recém lançada de "Pet sounds", o clássico absoluto da banda americana The Beach Boys. A última vez que havia ouvido este disco fora no começo dos anos 90, na casa de meu amigo Breno, no Rio de Janeiro, fã de rockabilly e rock progresivo (até hoje agradeço a ele ter me apresentado a "Selling England by the pound", do Genesis - ainda com Peter Gabriel, claro - um dos meus discos preferidos ever).
Mas, voltemos ao "Pet sounds". Ouvir canções como "God only knows" e I´m waiting for the day" foi como rever velhos amigos, e sei que duas eternidades não serão suficientes para agradecer a Pedro - que é guitarrista dos bons em Natal, das bandas Fewell e Venice - o presente. Que teve ainda uma utilidade a mais. Para incluir o LP na coleção, acabei por limpá-la toda, disco a disco, e, assim, resgatando-a de relativo esquecimento, tanto constatar que os cupins haviam começado a devorar alguns encartes como reviver (e ouvir) clássicos pessoais e bizarrices diversas.
Entre os primeiros, alguns destaques absolutos, alguns que não tenho em CD e que havia condenado ao esquecimento até hoje. Como o álbum "Get close", do The Pretenders, comprado em 1989 em uma viagem a Campinas, na época em que eu era apaixonado por Chrysse Hynde. O LP tem canções maravilhosas como "When I change my life" e "The tradiction of love"
Outro disco resgatado foi o "Heart shaped world" de Chris Isaak, que fez sucesso no Brasil com apenas uma música, "Wicked game". Mas o LP tem pérolas que até hoje me emocionam como "Kings of the highway" e principalmente "Nothing´s changed", que considero uma das cinco maiores canções de amor já feitas.
Há os LPs de rock nacional. Resgatei do esquecimento o primeiro disco da banda Metrô, liderada pela bela Virginie (taí outra paixão de adolescência...) que apresenta preciosidades como "No balanço das horas" e "Johnny Love". E também o primeiro (e talvez único) vinil da banda mineira Sexo Explícito com a maravilhosa "Faca" (o guitarrista da banda, John, anos depois formaria o Pato Fu, com Fernanda Takai.Entre as bizarrices, coisas como Julio Iglesias (sim, eu curto, mea culpa, mea maxima culpa), Gigliola Cinquetti, Balão Mágico, o LP "Lambahia" com a música "Chorando se foi" (presente a gente não joga fora...), coletâneas esquisitíssimas (uma de pop brasileiro, reúne Herva Doce e Gangue 90 e Absurdetes - coisa fina!), outra, uma série de músicas country americanas com arranjos duvidosos... enfim, uma gama de coisas estranhas que ajudam a contar a história de minha vida. Isso sem falar nos discos de Lucio Dalla (recentemente falecido), Mercedes Sosa, Bille Holiday, Paco de Lucia... Já é uma surpresa terem (quase) todos chegado até aqui, após tantas mudanças de casa, encaixatomentos, casamentos e separações. Agora é continuar a garimpagem das pérolas e dos porcos da minha coleção de discos e ouvir o "Pet sounds" até cansar...

2 comentários:

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Pet Sounds é simplesmente um dos maiores álbuns da história do rock. Tenho logo duas cópias originais em CD. Reza a lenda que ao ouvi-lo Paul McCartney tremeu nas bases. Bom, tempos depois Paul mais os três amigos de Liverpool cuidaram de lançar Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band. O que, na minha opinião, não apagou o brilho de Pet Sounds. Cada banda com sua obra-prima. É isso, Cefas. Parabéns e ouça o bolachão o mais alto possível.

Cefas Carvalho disse...

Valeu o comentário, Paulo, coisa de iniciado. Sempre soube que Mc Cartney tremeu sim, e que o Sgt Peppers teve origem nesta saudável competição. Tempos depois Brian Wilson mostraria problemas de ordem emocional-mental e comprometeu seriamente seu talento, uma pena. Mas, o Pet Sounds é realmente um colosso do rock. Abração, amigo e vamos marcar para eu adquirir meu exemplar do livro autografado.