28 maio 2013

Sonetos e hai-cais


Cefas Carvalho

Fazes hai-cais; sonetos, faço eu
Em suas frases curtas, estremeço...
Releio versos, volto ao começo...
Com fervor religioso de ateu...

 

Fazes versos para mim; não os mereço!
Jamais desci aos infernos, como Orfeu
Nunca acorrentado, tal Prometeu
Nem o poema virou-me pelo avesso...

 

Mas faço da (sua) poesia o meu pão
Engulo seus hai-cais no desjejum
Janto suas rimas com manjericão...

 

Trocamos versos como juramentos
De paixão; recitados, um a um...
Soltos em seu corpo, como ungüentos...



Imagem: Primavera, de Botticelli