03 junho 2009

Uma nação de cuspidores


Cefas Carvalho

Otorrinos e gastroenterogistas do Brasil, atenção! O brasileiro em geral tem seriíssimos problemas de salivação e glândulas! Pelo menos é minha humilde opinião, afinal, isso poderia explicar a paixão que o brasileiro tem pela cuspideira. É incrível como o brasileiro cospe! Em qualquer lugar que se vá, sempre vemos alguém pigarrear e, tchan!, cuspir no chão. O curioso é que os cuspidores não estão nem aí com a presença de testemunhas. Já presenciei sujeito abraçado à namorada virar a cabeça e, zás, cusparada no chão. Ela deve ter achado tão romântico... Mas, o pior é o cuspe a distância. O sujeito sequer observa se alguém está passando e puf! Lá vai o jato de cuspe meio metro à frente! Os passantes que se desviem do “atleta” (afinal, cuspe a distância é um esporte nacional). E que não se pense que cuspideira é questão de classe social. Vá em eventos sociais de “gente chique”, com “partidóns” e endinheirados... no estacionamento ou antes de entrar é a mesma cusparada. Deve ser, realmente, algo no metabolismo do brasileiro. Este escrevinhador já andou nas ruas de cidades como Londres, Paris e Lisboa e não viu ninguém cuspindo na rua. O europeu não junta saliva na boca? Não tem vontade/necessidade de cuspir? Não sei. O fato é que lá, no chamado Primeiro Mundo, não se cospe em público. Há quem diga que a questão é simples, sinal de falta de educação. Neste caso, somos uma nação de mal-educados incorrigíveis. Tanto que, em outro texto, já externei minha revolta em freqüentar banheiros químicos em eventos festivos realizados em Natal. Poucas horas após instalados, eles – pelo menos os masculinos – se tornam um amálgama de fezes, urina e papéis colocados estrategicamente para entupir o escoamento. Amigos garantem que trata-se de uma questão de Educação, um retrato do (baixo) nível do ensino nacional (seja público ou privado). Outros garantem que este tipo de educação começa em casa. Este escrevinhador não sabe e confessa já estar cansado de pensar sobre o tema. E, preciso pedir licença para cuspir. Na pia do banheiro do trabalho. Afinal, mesmo com um cesto de lixo a centímetros no meu pé direito, não preciso obrigar os colegas de redação a testemunharem minhas secreções. Com licença, e até a próxima.

PS: A foto que ilustra este post mostra o escritor marginal americano Charles Bukowski, mestre em produzir contos sobre excreções. Se não leu nada dele, sugiro começar pelos sensacionais "Crônica do amor louco" e "Mulheres".

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