Cefas CarvalhoSurpreendi-me com o telefonema dela. Havia muito tempo (um ano?) que não me telefonava. Clarissa era sempre surpreendente. Primeiro conversou banalidades, perguntou sobre a vida, a esposa, os filhos, estas coisas... depois adentrou o terreno da malícia – território na qual ela tinha total domínio – relembrando histórias picantes do passado... Por fim, comunicou que iria se casar no mês seguinte. Desejei felicidades, ainda estranhando a conversa e ela comunicou que mandaria convites e fazia questão que eu e minha esposa Raíssa estivéssemos presentes no casamento. “Mas não é para isso que estou telefonando...”, comentou. “E qual a razão do telefonema?”, perguntei. “É que eu pretendo fazer uma despedida de solteira e gostaria de te convidar...”, sussurrou. “Pensei que as despedidas de solteira só envolvessem mulher”, retruquei. “Esta despedida de solteira é especial. Não haverá mulheres, apenas eu”. “Vai convidar apenas homens?”, ri. “Eu não disse isso... o único homem convidado é você...”, respondeu. Compreendi imediatamente. Entrei no jogo de Clarissa e combinamos então o dia, a hora e o local da tal despedida de solteira.
Na quarta-feira ao meio dia, “para evitar suspeitas, afinal, você é casado e eu sou uma noiva fiel e respeitadora...”, riu, debochando de si mesma e da situação. Clarissa continua louca!, Pensei. Mas, e daí? Eu não havia me apaixonado por ela no passado justamente por que era louca? Bem, confesso que esperei com apreensão a quarta-feira, que enfim chegou. Ela ligou para meu celular às onze confirmando tudo e marcou o encontro em um posto de gasolina na BR-101, já em Parnamirim. Lá, ela deixou o carro estacionado discretamente e entrou no meu. Discutimos rapidamente para qual motel iríamos e logo fechamos por um de qualidade que fosse discreto e nas proximidades. Na suíte, percebi logo que o tempo só havia melhorado Clarissa, como um vinho que eu iria começar a degustar. Não estou falando de seu corpo – ainda belo mas com as inevitáveis marcas do tempo e da gravidade – nem de seu rosto – não havia maquiagem que escondessem algumas rugas e um olhar cansado antes impensável – mas de sua personalidade e de seu modus operandi. Os olhos brilhantes, imensos, acastanhados, continuavam insanos... suas mãos estavam ainda mais hábeis, assim como seus lábios... seu corpo correspondia ainda mais ao meu corpo do que antes, como se no máximo de seu potencial. Comentei tudo isso com Clarissa durante o ato... “Você ainda não viu nada...”, sorriu, desvairada. Dito e feito. Eu ainda veria – e sentiria – muito mais coisas nas quatros horas que se seguiram, de um deleite que poucos vezes havia experimentado na minha vida já de tantos prazeres. Às quatro e quinze da tarde começamos a nos arrumar, pois que ela havia marcado com o noivo no Praia Shopping às cinco horas. Deixei-a no posto de gasolina e sem maiores delongas nos despedimos pragmaticamente. “Te vejo no meu casamento”, disparou. Não tivemos oportunidade de conversar sobre isso, mas comecei a me perguntar porque ela iria se casar e o que ela esperava do seu casamento. Tolice. Por que analisar as coisas se é melhor apenas vive-las e pronto? Desta forma, voltei à minha vida, a Raíssa e esqueci-me de Clarissa e de nossa tarde de idílio. Recebi em casa o convite de casamento, mas inventei um trabalho qualquer para não ter que ir. Tampouco Clarissa entrou em contato comigo antes ou depois das núpcias.
O tempo passou. Diria até que havia esquecido a despedida de solteira da qual participei quando, dois anos depois, vejo no visor do celular um telefone estranho. Atendo e eis minha surpresa: era Clarissa. Começou falando banalidades como sempre. Por fim, perguntou como estava meu casamento (muito mal), minha vida profissional (razoável) e falou sobre ela própria... Não apenas estava em crise no casamento como muito próxima da separação... Relatou alguns dos problemas que estava vivendo, choramingou um pouco... Como eu estava prestes a entrar em uma tensa reunião de trabalho e não estava com muita paciência, perguntei logo o que queria. Clarissa então respirou fundo e disparou: “Na verdade, eu queria uma despedida de casada”. “Como assim”, estranhei. “Quero ter certeza que o melhor a fazer é me separar... e só vou ter essa certeza se for para cama com outro homem. Seria então minha despedida de casada...”, assinalou, já com voz mais lasciva do que triste. O que fazer? Bem, se eu participei da despedida de solteira dela, achei que seria uma descortesia não fazer parte da despedida de casada. “Pode marcar dia, hora e local”, respondi. “Lembra-se daquele posto de gasolina?...”
4 comentários:
rsrs Muito engraçado, se participou da despedida de solteira nada mais justo que partIcipe da de casada NÉ?? rsrrssr gente eu me acabo de ri com vcs rsrs legal o texto
Oi, vim agradecer sua visita, e tbm te convidar a a participar do meu blog, ja estou seguindo o seu viu?? seu blog é muito legal. É dez! paz!
"Por que analisar as coisas se é melhor apenas vive-las e pronto?"
rs
Cara,vá ter sorte assim lá no posto de gasolina.Pela minha pouca experiencia com elas,essa gata tá na sua.Obrigado pela visita,já estou te seguindo.Um abraço,Pituleira.Sim cara,dia 25 de julho contamos com sua honrosa presença na festa dos 51 anos do boteco mais charmoso do Brasil...
Postar um comentário