Cefas Carvalho
Eu odiava
a minha avó. Sim, não tenho medo de admiti-lo, de maneira que quando minha mãe
me obrigou a ir à casa dela, do outro lado do bosque, eu protestei, odiei, até
que concordei, com mais vontade de sair de casa do que ficar nela.
O bosque
não era perigoso, pelo menos não para mim, que desde mocinha conhecia seus
meandros e segredos. Fora no bosque onde conheci o amor. Com o filho do
lenhador, rapaz um tanto quanto limitado, mas de braços fortes e um peito onde
eu adorava repousar a cabeça depois do gozo. Se minha mãe achava que eu era
virgem, minha avó, essa pensava que eu ainda era uma menina, ainda mais porque
as duas me forçavam a usar esse ridículo chapeuzinho vermelho, ridicularizado
por todas as moças da vila e que me rendeu um apelido tão horrendo que ninguém
sabe meu verdadeiro nome.
Bem, o
fato é que eu estava andando pela floresta quando dei de cara com o Lobo. Eu
sabia que ele não era realmente mau, apenas abobalhado, grande e com uma libido
imensa. Jamais fizera mal a alguém a não ser quando provocado ou insuflado.
Fizera-me raiva uma vez em que planejei numa festa - mal intencionada, sim,
admito - par ele e e seus amigos lobos e eles não apareceram, o que me deixou
doente. Foi quando tive a grande ideia. Disse ao lobo - bobo como todos os
lobos e todos os homens - que minha vovozinha estava à espera dele, na casa
dela, louca de tesão. O bicho saiu correndo, rumo à casa dela . Enquanto isso,
sentei-me à sombra de uma árvore para fumar e eis que aparece o lenhador. Era
já coroa, barba branca, mas me sorriu de uma forma estranha, de maneira que me
subiu um fogo no meio das pernas que assobiei e ele veio até mim. Disse a ele
que tinha sido atacada pelo Lobo e que precisava de proteção e ele me abraçou,
dizendo que enquanto ele estivesse ali, nenhum mal me aconteceria. Aquela frase
me excitou de forma que o apertei forte em meus braços, alisando suas costas e
senti que ele também estava excitado. Com aquela brisa fresca correndo no
bosque, o barulho dos vento correndo, acabou que... bem, ele me deitou ao chão
e o resto vocês sabem. Quando acordamos, lembrei-me do lobo e da vovozinha. E
conclui meu plano: O lobo, mau, queria atacar minha pobre avó. O lenhador -
impulsivo e querendo me agradar - correu até a casinha e flagrou o lobo
devorando minha vovó. Nem ligou para a cara de prazer dela nem para o desespero
do lobo... Duas machadadas foram o bastante!... Hoje, escuto minha avó narrar
sua epopeia de prazeres com o lobo... por
que essa boca tão grande?...
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