Cefas Carvalho
Eis que findou 2012 e 2013 já se chegou. Não sou ligado às tradições do reveillon (vestir-se de branco, lentilhas, entrar no mar) mas gosto do simbolismo da mudança de ano (quiçá de comportamento e de vida, muitas vezes). Contudo, o que gosto mesmo é de ler e assistir reportagens sobre previsões de ano novo. Acho mais divertido que Mr. Bean e Woody Allen juntos.
É fascinante ver repórteres sérios em noticiários supostamente jornalisticos ouvindo pais de santo, videntes e picaretas similares preverem o que vai acontecer no ano que entra. Na verdade, não é preciso ter poderes do além para saber o que tais seres iluminados vão prever para o ano que entra: um artista famoso vai morrer... outro, igualmente famoso, vai se separar... em algum lugar do Brasil, um avião com passageiros vai cair... um grande time de futebol vai passar por dificuldades no campeonato brasileiro... Em suma, uma criança de dez anos percebe que as "previsões" não passam de fatos vagos que acontecem todos os anos e que certamente acontecerão em 2013. Mas, admito, é engraçado ver o pessoal cheio de badulaques, jogando búzios e fazendo cara de espiritualizado para as câmaras.
Sei que estas performances de ano novo garantem aos “videntes” muitos clientes no decorrer do ano e como defendo veementemente que todo cidadão tem o direito inalienável de perder seu dinheiro da forma que quiser (seja com videntes, dando grana para o bispo Macedo comprar emissoras de TV ou adquirindo revistas de fofocas) acho legal que o mercado de trabalho de “previsões” ganhe uma aquecida. Lembro de uma amiga que recorreu a uma vidente, uma Mãe Jaciara da vida, talvez a própria, e assim que sentou em frente a ela, ouviu: “Você está com problemas...” Ora, quem vai a um vidente é porque está com problemas (geralmente amorosos e/ou financeiros). E assim, videntes, ciganos, pais de santos, gente desta qualidade vai ganhando a vida, a custa do dinheiro de gente que não se contenta em viver cada dia e fazer a cada dia “que ele seja melhor”, sem esta bobagem de saber o futuro, que, como reza a crendice popular, a deus pertence. No fim das contas, pragmático que sou, não faço a menor questão de saber meu futuro e sigo, cá para mim, os versos de Geraldo Vandré: “Quem sabe, faz a hora, não espera acontecer...”
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