Cefas Carvalho
Presente dos sonhos ganhei de meu enteado (ou
"filho torto", como diz Sandrinha) Pedro Victor, que chegou de Sydney, Austrália, neste fim de semana: um disco (sim, o velho LP de vinil) em cópia remasterizada e recém lançada de "Pet sounds", o clássico absoluto da banda americana The Beach Boys. A última vez que havia ouvido este disco fora no começo dos anos 90, na casa de meu amigo Breno, no Rio de Janeiro, fã de rockabilly e rock progresivo (até hoje agradeço a ele ter me apresentado a "Selling England by the pound", do Genesis - ainda com Peter Gabriel, claro - um dos meus discos preferidos
ever).
Mas, voltemos ao "Pet sounds". Ouvir canções como "God only knows" e I´m waiting for the day" foi como rever velhos amigos, e sei que duas eternidades não serão suficientes para agradecer a Pedro - que é guitarrista dos bons em Natal, das bandas Fewell e Venice - o presente. Que teve ainda uma utilidade a mais. Para incluir o LP na coleção, acabei por limpá-la toda, disco a disco, e, assim, resgatando-a de relativo esquecimento, tanto constatar que os cupins haviam começado a devorar alguns encartes como reviver (e ouvir) clássicos pessoais e bizarrices diversas.
Entre os primeiros, alguns destaques absolutos, alguns que não tenho em CD e que havia condenado ao esquecimento até hoje. Como o álbum "Get close", do The Pretenders, comprado em 1989 em uma viagem a Campinas, na época em que eu era apaixonado por Chrysse Hynde. O LP tem canções maravilhosas como "When I change my life" e "The tradiction of love"
Outro disco resgatado foi o "Heart shaped world" de Chris Isaak, que fez sucesso no Brasil com apenas uma música, "Wicked game". Mas o LP tem pérolas que até hoje me emocionam como "Kings of the highway" e principalmente "Nothing´s changed", que considero uma das cinco maiores canções de amor já feitas.
Há os LPs de rock nacional. Resgatei do esquecimento o primeiro disco da banda Metrô, liderada pela bela Virginie (taí outra paixão de adolescência...) que apresenta preciosidades como "No balanço das horas" e "Johnny Love". E também o primeiro (e talvez único) vinil da banda mineira Sexo Explícito com a maravilhosa "Faca" (o guitarrista da banda, John, anos depois formaria o Pato Fu, com Fernanda Takai.Entre as bizarrices, coisas como Julio Iglesias (sim, eu curto, mea culpa, mea maxima culpa), Gigliola Cinquetti, Balão Mágico, o LP "Lambahia" com a música "Chorando se foi" (presente a gente não joga fora...), coletâneas esquisitíssimas (uma de pop brasileiro, reúne Herva Doce e Gangue 90 e Absurdetes - coisa fina!), outra, uma série de músicas country americanas com arranjos duvidosos... enfim, uma gama de coisas estranhas que ajudam a contar a história de minha vida. Isso sem falar nos discos de Lucio Dalla (recentemente falecido), Mercedes Sosa, Bille Holiday, Paco de Lucia... Já é uma surpresa terem (quase) todos chegado até aqui, após tantas mudanças de casa, encaixatomentos, casamentos e separações. Agora é continuar a garimpagem das pérolas e dos porcos da minha coleção de discos e ouvir o "Pet sounds" até cansar...